Desrespeito

Cena no metrô paulistano

Foto extraída da Internet

*Oscar D’Ambrosio

Pode-se dizer que a tecnologia é uma bênção sob diversos aspectos. Um celular hoje nos conecta com o mundo. É uma porta para o conhecido e o desconhecido. No entanto, existe o risco de ele desumanizar as pessoas, quando olham fixamente para a telinha sem perceber o que está ao seu redor.

O parágrafo cima não é uma figura de linguagem. Semana passada, na linha Verde do Metrô paulistano, uma pessoa com deficiência visual entrou no vagão, conduzido até a porta por um dos funcionários da empresa, que o deixou dentro do vagão sem sequer olhar se a regulamentação que existe para que lhe fosse concedido assento fosse seguida.

O melancólico é que o local reservado estava ocupado por um adolescente de uns 15 anos que sequer viu a pessoa com deficiência entrar, pois estava olhando fixamente para a sua tela. Como não havia reação do menino, uma senhora levantou-se, pegou o rapaz pelo braço e cedeu o espaço com todo carinho e delicadeza.

O adolescente continuou sentado comodamente alheio a tudo. Simplesmente não viu/percebeu o que estava acontecendo à sua volta. A situação, que começou, na melhor das hipóteses, quase como curiosa ou bizarra, tornou-se revoltante, pois implica numa perda de humanidade e de compromisso de ajudar ao semelhante que deve ser denunciada para não ser repetida.

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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