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Terceirizados de prefeitura reclamam de atraso nos pagamentos e recebem ameaças de RH: ‘será desligada’

Funcionários que prestam serviços às escolas municipais de Peruíbe (SP) reclamam da falhas no pagamento há três meses. A prefeitura afirmou efetuar os repasses em dia e que tomará as medidas administrativas cabíveis.

Por Gyovanna Soares, g1 Santos

 


Terceirizados de prefeitura reclamam de atraso nos pagamentos e recebem ameaças de RH — Foto: Arquivo Pessoal

Terceirizados de prefeitura reclamam de atraso nos pagamentos e recebem ameaças de RH — Foto: Arquivo Pessoal

Os funcionários que atuam na limpeza das escolas municipais de Peruíbe, no litoral de São Paulo, estão há três meses sofrendo ameaças ao cobrarem salários e benefícios atrasados. g1 obteve, nesta terça-feira (28), prints de conversas de trabalhadores com um profissional de Recursos Humanos da terceirizada. Em uma das mensagens, ele avisa que ela “será desligada da empresa” e até manda “procurar um emprego melhor”.

Os problemas começaram em setembro, com uma semana de atraso no pagamento dos salários e de um mês no vale-refeição. O benefício recebido em outubro, inclusive, foi o último. O mesmo problema começou a ocorrer com o vale-alimentação, sendo que o de outubro demorou mais de um mês a cair, e o de novembro está em aberto.

Uma funcionária, que preferiu não ser identificada por medo de represálias, disse que o único benefício que tem sido pago corretamente é o vale-transporte. As conversas obtidas pela reportagem mostram o funcionário do RH dizendo que a empresa não recebeu da Prefeitura de Peruíbe e, por este motivo, não tem condições de pagar os funcionários.

Quando os terceirizados receberam a explicação da empresa, uma trabalhadora disse que os profissionais começaram a reclamar. O funcionário do RH, portanto, restringiu o envio de mensagens no grupo de WhatsApp aos administradores, o que causou revolta.

“Me sinto desanimada. Não temos motivação para trabalhar. Eu mesmo amo meu trabalho, amo o que eu faço. São 16 anos trabalhando em escolas e nunca tivemos problema com isso. Fica difícil trabalhar assim”, lamentou uma funcionária.

A Prefeitura de Peruíbe informou ao g1, em nota, que os repasses são feitos dentro do prazo acordado com a terceirizada. A administração municipal ressaltou, ainda, já ter aberto um processo para tomar as medidas administrativas cabíveis para punir a empresa.

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Trabalhadores sofrem com ameaças do RH e atraso nos pagamentos há meses em Peruíbe (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Trabalhadores sofrem com ameaças do RH e atraso nos pagamentos há meses em Peruíbe (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Com as restrições no grupo de WhatsApp, o funcionário do RH passou a receber mensagens dos trabalhadores em particular. Em uma dessas conversas, o representante do setor de Recursos Humanos da terceirizada ameaçou demitir uma funcionária se ela continuasse reclamando.

Em outro trecho, ele manda ela abrir a própria empresa ou encontrar outro trabalho. “Administra melhor então, ao invés de ficar aqui ofendendo todos […]. Se para você não está bom, vai procurar um emprego melhor e para de ficar aqui batendo boca”, disse.

g1 entrou em contato com a empresa de RH, que presta serviço para as escolas municipais de Peruíbe (SP), mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Trabalhadores de empresa terceirizada que presta serviço de limpeza para as escolas municipais de Peruíbe (SP) reclamam de atraso nos pagamentos — Foto: Arquivo Pessoal

Trabalhadores de empresa terceirizada que presta serviço de limpeza para as escolas municipais de Peruíbe (SP) reclamam de atraso nos pagamentos — Foto: Arquivo Pessoal

Alunos limpam escola

 

Alunos limpam escola durante paralisação de funcionários de limpeza em Peruíbe

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Alunos limpam escola durante paralisação de funcionários de limpeza em Peruíbe

Em outubro, os funcionários fizeram uma paralisação por conta da falta de pagamentos. Na ocasião, alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Prefeito José Roberto Preto limparam a unidade (veja o vídeo acima). Segundo apurado pela reportagem na época, outras escolas chegaram a ser limpas por professores, diretores e estagiários.

Desta vez, a funcionária explicou que não farão paralisação, já que o ano letivo está no fim. Ela ressaltou ainda que os colaboradores estão com medo de não conseguirem outro emprego.

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