Corrupção

Veja quem são os presos suspeitos de receber propina para pacientes furarem fila de cirurgias plásticas na rede pública

Entre os cinco presos, estão um ex-prefeito de Teresina de Goiás e um vereador de São Miguel do Araguaia. Procedimentos que demorariam até dois anos para serem feitos eram autorizados em poucos meses.

Por Gabriela Macêdo, g1 Goiás

 


Odete Teixeira Magalhães e Joubert Tolentino Meira, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Odete Teixeira Magalhães e Joubert Tolentino Meira, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Em uma operação, a Polícia Civil prendeu um grupo suspeito de receber até R$ 5 mil de pacientes para serem inseridos e furar a fila de cirurgias, principalmente plásticas, na rede pública de Goiás. Até a noite de sexta-feira (10), cinco pessoas foram presas, entre elas um ex-prefeito de Teresina de Goiás e um vereador de São Miguel do Araguaia.

Segundo a corporação, a fraude no sistema de regulação fez com que procedimentos que não eram considerados urgentes e que demorariam até dois anos fossem autorizados e feitos em poucos meses. Entre os detidos, estão um ex-prefeito de Teresina de Goiás e um vereador de São Miguel do Araguaia.

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Odete Teixeira Magalhães

Odete Teixeira Magalhães, ex-prefeito de Teresina de Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Odete Teixeira Magalhães, ex-prefeito de Teresina de Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Odete Teixeira Magalhães é ex-prefeito de Teresina de Goiás. Ele foi eleito ao cargo em 2004, de acordo com Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com o Ministério Público, ele teve os teve seus direitos políticos suspensos em 2018, após ser condenado por ato de improbidade administrativa relacionado à simulação de contratação com pessoa para favorecer apadrinhados políticos.

Com a decisão, que acolheu um pedido feito pelo Ministério Público em 2008, ele também ficou proibido de contratar com o poder público por três anos. Na ação, foi apontado que, quando prefeito, Odete praticou ato de improbidade administrativa consistente na violação aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade administrativa.

g1 não conseguiu localizar a defesa do ex-prefeito para um posicionamento até a última atualização desta reportagem. A reportagem entrou em contato por e-mail com a Prefeitura de Teresina de Goiás, mas não teve retorno até a última atualização.

Joubert Tolentino Meira

Joubert Tolentino Meira, vereador de São Miguel do Araguaia, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Joubert Tolentino Meira, vereador de São Miguel do Araguaia, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Joubert Tolentino Meira é vereador de São Miguel do Araguaia. Ainda no primeiro mandato, o parlamentar foi eleito em 2021 para a 18º legislatura da Casa, que se estende até 2024. De acordo com o portal da Câmara Municipal de São Miguel do Araguaia, ele já participou da comissão de Educação, Cultura, Saúde Previdência e Assistência Social e da de Defesa do Meio Ambiente.

Em nota, o Cidadania, partido de Joubert, informou que repudia atos que visam a burlar as regras e legislações vigentes na saúde ou outros setores da administração pública. Além disso, o partido disse que, se confirmada a participação de membros do partido, eles serão punidos nos termos previstos nos Estatutos.

g1 não conseguiu localizar a defesa do vereador para um posicionamento até a última atualização desta reportagem. Ao O Popular, a Câmara Municipal de São Miguel do Araguaia disse que até o a tarde de quinta-feira (9), não havia tido conhecimento oficial sobre a operação apontada. A reportagem entrou novamente em contato com a Casa, por e-mail, na noite de sexta-feira (10) e aguarda retorno.

Ismaclei Junior Tavares

Ismaclei Junior Tavares foi indiciado e denunciado pelo crime de corrupção passiva em 2014.

g1 não conseguiu localizar a defesa dele para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

Demais presos

Não foi possível identificar a identidade de outros dois presos. No entanto, a Polícia Civil informou que um dos dois já tinha sido demitido dos quadros do Estado de Goiás por corrupção no ano de 2015. Posteriormente, essa pessoa conseguiu assumir um cargo em comissionado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia.

g1 solicitou à pasta informações sobre o servidor, questionou se a pasta tem conhecimento da investigação e aguarda retorno.

Segundo a polícia, um dos cinco presos tinha 15 perfis e chegou a inserir 1.902 pessoas na fila.

Investigação

Operação contra corrupção cumpre mandados em condominio fechado, em Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Operação contra corrupção cumpre mandados em condominio fechado, em Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A polícia informou que as fraudes aconteciam pelo menos desde 2020. Segundo o delegado responsável pela investigação, Danilo Victor Nunes, os políticos investigados atuavam como intermediadores no esquema. “Geralmente o paciente pagava para eles e aí essa pessoa providenciava, junto a um operador do sistema, para que inserisse as pessoas”, disse.

Ainda de acordo com o delegado, essas quase 2 mil pessoas foram adicionada no sistema de regulação apenas nos últimos seis meses. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, mais de 15 mil pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva.

Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e afastamento de funções públicas nas cidades de Goiânia, Goianira, Anápolis, Damolândia, São Miguel do Araguaia e Teresina de Goiás. Os servidores afastados são pessoas do Complexo Regulador Estadual ou exerciam funções públicas nas unidades de saúde dos municípios.

Segundo a polícia, as irregularidades aconteciam principalmente para cirurgias plásticas, como abdominoplastia e mamoplastia. Porém, outras cirurgias eletivas, consultas médicas, exames e internações também eram fraudados.

“Na maioria eram procedimentos estéticos por meio de uma justificativa médica falsa. Por exemplo, uma pessoa que quer fazer uma mamoplastia conseguia que o operador do sistema alterasse essa justificativa, fraudasse isso, e inserisse com um fundamento plausível para a cirurgia, sendo que a pessoa não sofreu nenhum tipo de câncer ou doença”, disse.

Os investigados respondem por por corrupção passiva, inserção de dados falos em sistema de informação e associação criminosa.

Operação contra corrupção cumpre mandados em condominio fechado, em Goiás — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Operação contra corrupção cumpre mandados em condominio fechado, em Goiás — Foto: Polícia Civil/Divulgação

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