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Trinca de gênios

*Oscar D’Ambrosio
‘Poucas cinzas’, de Paul Morrison, é um filme que enfrenta a dificuldade de lidar com a biografia de três dos maiores artistas de todos os tempos. Estão ali Salvador Dalí, Federico García Lorca e Luis Buñuel. A história começa com eles jovens, em 1922, estudando artes em Madrid.

Uma das bases do filme é o tempestuoso e ambíguo relacionamento entre o Dalí e Lorca. Mesmo considerando algumas licenças poéticas próprias das biografias cinematográficas, a obra permite mergulhar em alguns aspectos do processo criativo no sentido de refletir um pouco sobre como se dá a produção artística de odo geral.
Buñuel talvez seja o mais centrado no período, com foco em uma carreira de êxito na França. Dalí é apresentado como uma mescla de timidez, no início de sua trajetória, e de irrefreado desejo de conquistar o mundo. Por isso, parte para Paris, com o cineasta. Mais no final da vida, volta ao filme como um personagem de si mesmo, obcecado pelo dinheiro e pelo sucesso.
Lorca vive uma intensa paixão que o mobiliza em direção a Dali, mas se sente traído por ele, tanto na vida afetiva, com a musa Gala onipresente na obra e na vida do mestre surrealista, como nos ideais revolucionários, já que o pintor demonstrava uma clara simpatia pelos regimes autoritários.
Nesse contexto, a execução do autor de ‘Yerma’ pela ditadura franquista se dá no âmbito político e sexual, numa demonstração de violência e intolerância que envergonha a humanidade. Veja o filme para pensar e repensar o valor da arte no século passado e no atual!
*Oscar D’Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Enviado por Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
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