JUNTOS MUDAREMOS O BRASIL

Servidora do MP e mais duas mulheres são indiciadas por racismo por xingarem nordestinos após resultado das eleições; ouça

Em áudio, uma delas diz: 'Povo vagabundo, quer ficar vivendo de bolsa família'. Eleitores de Cachoeira Alta ficaram praticamente divididos entre Bolsonaro (47,24%) e Lula (46,65%); diferença de 34 votos.

 

Por Rafael Oliveira, g1 Goiás

 


Mulheres são investigadas por racismo ao xingarem nordestinos após as eleições
Mulheres são investigadas por racismo ao xingarem nordestinos após as eleições

Uma servidora do Ministério Público e mais duas mulheres foram indiciadas por racismo depois de enviarem áudios em grupo de Whatsapp xingando nordestinos que moram em Cachoeira Alta, no sudeste de Goiás, e votaram no candidato Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), no 1º turno da eleição presidencial (ouça acima).

A reação das mulheres veio logo após o resultado no domingo (2), que mostrou que a cidade ficou praticamente dividida entre Jair Bolsonaro (PL), que teve 2.752 votos (47,24%), e Lula, que obteve 2.718 votos (46,65%), uma diferença de 34 votos.

“Esses comedor [sic.] de calango tinham que voltar para lá. Se eles gostam de calango, volta para lá. Vem atrapalhar a gente. Tem que mandar explodir aquela bosta, aquela parte do nordeste lá. Povo vagabundo, quer ficar vivendo de bolsa família de R$ 60”, diz uma das mulheres.

Como os nomes das mulheres não foram divulgados pela polícia, o g1 não conseguiu localizar as defesas para se manifestarem. A conclusão do inquérito com os indiciamentos foram enviados ao Judiciário na sexta-feira (7).

Segundo o delegado Márcio Henrique Marques, uma das mulheres trabalha no Ministério Público, outra no Hospital Municipal de Catalão e a terceira em uma loja de materiais de construção.

O Ministério Público informou que a Corregedoria-Geral do órgão tomou conhecimento do fato e apura a conduta da servidora.

LEIA TAMBÉM:

A Prefeitura de Cachoeira Alta informou à TV Anhanguera que a técnica de enfermagem que divulgou o áudio foi afastada das funções, que repudia qualquer tipo de ofensa e descriminação, e que o município é um lugar de todos e para todos.

Moradoras xingam nortistas e nordestinos após resultados das eleições, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Moradoras xingam nortistas e nordestinos após resultados das eleições, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Discriminação

Uma das mulheres chega a falar que os moradores do norte e nordeste comem calango e vêm para Goiás para ‘andar de carro’. Ainda fala sobre a ocupação da cidade em que moram.

“A Cachoeira daqui 10 anos não tem cahoeiraltense mais. Nós vai ser a minoria aqui [sic.], negócio de 15, 20%. Porque a Cachoeira está cheia destes nortistas filhos da p… que tá comendo calango no sol do meio dia e vem para cá andar de carro, desfrutar da nossa estrutura. Lá eles vivem vida de cachorro”, disse uma das mulheres.

Diferente do crime de injúria racial, o racismo acontece quando as ofensas atingem não só uma pessoa, mas uma coletividade. A pena é de um a três anos e multa.

https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2022/10/08/servidora-do-mp-e-mais-duas-mulheres-sao-indiciadas-por-racismo-por-xingarem-nortistas-e-nordestinos-apos-resultado-das-eleicoes-ouca.ghtml

Botão Voltar ao topo
Fechar