Por Kathulin Tanan e Manuella Mariani, g1 PR e RPC Londrina
Joel de Oliveira, 62 anos. — Foto: Reprodução/RPC
O prestador de serviços Joel de Oliveira, 62 anos, foi o responsável por conter o atirador de 21 anos que matou Karoline Verri Alves, 17 anos, e Luan Augusto, de 16 anos, estudantes do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do estado.
Ele contou que trabalhava ao lado da escola quando ouviu os disparos e pessoas correndo. O assassino, um ex-aluno da instituição, está preso. Leia o que se sabe abaixo.
Quando entrou na escola, Joel disse que ficou cara a cara com o atirador.
“Eu escutei os tiros e me dirigi até o colégio. Chegando aqui no portão do Kolody, eu ouvi o tiro lá dentro, eu entrei ali e vi o que podia fazer pra salvar as crianças, porque tava todo mundo correndo, aí senti que tinha que fazer alguma coisa”, contou.
Karoline morreu no colégio, logo após o suspeito invadir o local e fazer os disparos. Ela foi atingida com um tiro na cabeça.
Luan, namorado de Karoline, também foi atingido na cabeça. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para o hospital, mas não resistiu e morreu na madrugada desta terça-feira (20).
Joel disse que era policial
De acordo com Joel, não havia ninguém no portão da escola, apenas estudantes correndo para fora, tentando escapar.
Ao entrar na escola, ele disse que avistou o assassino atirando contra uma vidraça. Os dois se encontraram no corredor. Segundo Joel, ele se apresentou ao assassino como policial.
“Falei: ‘sou policial, para’. Aí consegui dominar ele lá, deitei ele no chão e segurei até a polícia chegar. Não tive medo, na hora eu vim tentar salvar mais crianças”, disse.
Joel relatou, ainda, que estava com o celular na mão e acha que o criminoso pensou que fosse uma arma.
Jovem morre após escola ser invadida no Paraná — Foto: Kathulin Tanan/ RPC
‘Guiado por Deus’
Joel contou que sentiu ser guiado por Deus, porque entrou na direção correta, onde estava o assassino.
Funcionárias da escola agradeceram seu Joel pelo ato.
“Elas falaram que fui guiado por Deus, me agradeceram muito, porque a tragédia podia ser maior, né? O rapaz estava com muita munição e podia, em qualquer momento, atirar em todo mundo ali. Disseram que fui muito corajoso, que Deus guiou”, contou.
Após os disparos, a Polícia Militar (PM-PR) foi acionada e chegou ao local poucos minutos depois.
Segundo a PM, foram apreendidos com o atirador uma machadinha, carregadores de revólver e a arma usada no crime.
Secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira fala sobre atirador em colégio do Paraná — Foto: Reprodução/RPC
Atirador disse que não conhecia vítimas, segundo secretário
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, disse que o atirador não conhecia as vítimas. O assassino é investigado por homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.
Segundo o secretário, o rapaz atirou no corredor do colégio e foi até o local em que as vítimas participavam de uma aula de Educação Física.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que, além da arma, apreendeu com o assassino um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo.
A secretaria ainda informou que, em contato com a família do assassino, foi informada de que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença.
O que se sabe:
Karoline Verri Alves e Luan Augusto — Foto: Arquivo pessoal
Suspeitos de participação no crime
Ainda na segunda-feira, após a tragédia, um homem de 21 anos foi preso e um adolescente, de 13 anos, foi apreendido.
Os dois são suspeitos de ajudar a planejar o ataque, segundo o secretário Hudson Teixeira.
Aulas suspensas
Em Cambé, as aulas na rede municipal e estadual estão suspensas por tempo indeterminado.
Repercussão
O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto de três dias no estado e lamentou o caso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lamentou o ataque.
“É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar.”
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o Brasil vive “a apologia à violência na palma das mãos dos jovens”.
A Prefeitura de Cambé divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocando à disposição dos pais dos alunos.
“Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil.”
Disparo em escola deixa uma aluna morta e outro ferido — Foto: Arte/g1