Racismo fundiário: negros são maioria no campo, mas têm menos terras do que brancos
Fim da escravidão deixou a população negra sem qualquer direito, mesmo para quem recebeu algum terreno. 'Foram perdendo os seus territórios, mas, ainda assim, não deixaram de existir', resume o autor do premiado livro 'Torto Arado'; assista à conversa com o g1.
Por Anaísa Catucci e Vivian Souza, g1
‘Exclui o acesso a terras’, autor de Torto Arado explica o racismo fundiário
O campo brasileiro é composto por maioria de trabalhadores negros, mas grande parte das terras não está sob sua posse. Além disso, quanto maior o território, maior o número de brancos proprietários.
Em grandes propriedades, com área equivalente a cerca de 10 mil campos de futebol, 79,1% dos donos são brancos, enquanto apenas 17,4% são pardos e 1,6% são pretos, aponta o Censo Agropecuário 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A população negra, em maioria, está nos estabelecimentos familiares, que são áreas menores, aponta Fran Paula, representante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
O IBGE mostra que esses estabelecimentos ocupam apenas 25% das áreas disponíveis para a agricultura, enquanto terras que equivalem a 500 campos de futebol — consideradas grandes propriedades — representam atualmente mais de 70%.
Pesquisadores ouvidos pelo g1, entre eles o autor do livro premiado “Torto Arado”, dizem que esses dados têm uma explicação histórica.
Isso ainda na colonização, devido à forma que a abolição da escravidão foi feita no país: sem políticas públicas voltadas para os ex-escravizados e uma reforma agrária que, em princípio, não incluiu essa população. Isso deu origem ao que, hoje, é chamado de racismo fundiário.
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