Descaso

Prefeitura de SP apura se frio provocou 3 mortes de pessoas em situação de rua na capital

Dois corpos foram encontrados em diferentes regiões do Centro e um na Zona Leste da capital. Carlos Bezerra Júnior, secretário municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, afirmou que prefeitura conta com mais de 24 mil vagas em abrigos.

Por TV Globo e g1 SP — São Paulo

 


Polícia investiga morte de morador em situação de rua na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Polícia investiga morte de morador em situação de rua na Zona Leste de SP — Foto: Reprodução/TV Globo

A Prefeitura de São Paulo está apurando se o frio causou a morte de três pessoas em situação de rua nos últimos dois dias na capital.

O corpo de Elitenio da Cunha Braga, de 42 anos, foi encontrado na manhã desta terça (30) no cruzamento da Rua da Consolação com a Alameda Tietê, na Cerqueira César. Ele dormia embaixo de tapumes de uma obra de um prédio na região.

Durante a madrugada, uma outra pessoa foi encontrada na Mooca, na Zona Leste da cidade. A polícia investiga a causa da morte do homem em situação de rua. Ele foi encontrado em uma calçada que fica a 500 metros de um abrigo da prefeitura.

Segundo organizações sociais que acompanham o caso, a suspeita é de que a morte tenha sido provocada por hipotermia. Nos termômetros da cidade, a temperatura bateu os 14º C durante a madrugada, que foi gelada.

“Logo que eu cheguei aqui na igreja às seis da manhã, vi que a polícia estava se movimentando e fui ver e era um corpo de um irmão em situação de rua. O que me chamou muito atenção é que na mesma rua onde está o abrigo emergencial, na mesma calçada, a 500 metros do abrigo emergencial e o que nós temos visto e solicitado à Prefeitura é uma flexibilização”, contou Padre Júlio Lancellotti, Coordenador da Pastoral de rua de São Paulo.

Na manhã de segunda-feira (29), na Praça João Mendes, no Centro da capital, o corpo de Alexandre Thome, de 49 anos, foi encontrado por pessoas que circulavam pelo local. Ele não tinha marcas de violência e o caso foi registrado como morte suspeita.

Em agenda durante a manhã, o prefeito da capital Ricardo Nunes comentou sobre as mortes em decorrência do frio na cidade. “A gente lamenta profundamente a morte da pessoa em situação de rua. Nós não temos ainda dados em relação a causa da morte”, disse Nunes.

Carlos Bezerra Júnior, secretário municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, afirmou que prefeitura conta com mais de 24 mil vagas em abrigos.

“As vagas estão espalhadas por 318 equipamentos, aliás, o total de vagas única e exclusivamente para as Operações de Baixas Temperaturas chegam a mais de 1.700 novas vagas”.

Barracas de moradores em situação de rua montadas em calçadas — Foto: Reprodução/TV Globo

Barracas de moradores em situação de rua montadas em calçadas — Foto: Reprodução/TV Globo

Pessoas em situação de rua reclamam de abrigos

Pessoas em situação de rua, que dependem dos abrigos, reclamam das condições em que são recebidas. Eles também falaram sobre a dificuldade de conseguir vagas no Centro. Na outra ponta da cidade, na Zona Leste, mais pessoas de situação de rua reclamam das mesmas condições.

“Cheguei lá umas dez horas, estava garoando, falei tem uma vaga para me arrumar e disseram ‘só se for para o encaminhamento. Não dá pra arrumar vaga, não’. Eu fiz o que? Peguei o saco de lixo que estava no lixo, joguei o lixo fora e me cobri com saco de lixo. Não consegui dormir direito”, disse um morador em situação de rua.

“Se é emergencial, todas as noites há leitos vazios que não foram preenchidos e há relatos de pessoas que solicitam o acolhimento e não são acolhidas porque não tem a burocracia. A burocracia é maior que a necessidade da pessoa”, ressaltou o Padre Júlio Lancellotti.

MP investiga prefeitura por omissão

Em 2021, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar possíveis omissões da prefeitura de São Paulo sobre as mortes de moradores de rua em noites de baixas temperaturas.

Em abril deste ano, os promotores enviaram questionamentos para a Prefeitura sobre essa situação e deu 10 dias para a resposta, mas até agora a prefeitura não se pronunciou.

Procurada pela TV Globo para falar sobre a morte do morador em situação de rua na Zona Leste, a Prefeitura disse que as informações ainda estão sendo apuradas.

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