Poema dos horrores, por Jair Messias Bolsonaro
Cuidado: frases do presidente podem causar náusea e taquicardia
Walter Casagrande Jr.
Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de “Casagrande e seus Demônios”, “Sócrates e Casagrande – Uma História de Amor” e “Travessia”
Recomenda-se a quem for ler esse “poema dos horrores” que esteja acompanhado de um médico e de uma liderança religiosa, seja ela de qualquer credo, porque o texto abaixo pode trazer efeitos colaterais como náusea, taquicardia, dores no peito, diarreia, dores no fígado, febre, síndrome do pânico e sensação de presença de espíritos ruins.
Autor: Jair Messias Bolsonaro
“Fui ser deputado federal para não andar de ônibus, fusca, van e morar bem.”
“Sou preconceituoso com muito orgulho.”
“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”
“O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele.”
“O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constitua família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula.”
“Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem para procriar serve mais.”
“Não te estupro porque você não merece.”
“Sou capitão do exército. Minha missão é matar.”
“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
“Pinochet deveria ter matado mais gente.”
“Desaparecidos no Araguaia? Quem procura osso é cachorro.”
“Tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto dei uma fraquejada e veio uma mulher.”
“A Patrícia [Campos Mello, jornalista] queria dar um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim.”
“Os gays não são semideuses. A maioria é fruto do uso de drogas.”
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra [torturador], o pavor de Dilma Rousseff.”
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre.”
“Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro do auxílio-moradia eu usava para comer gente.”
“Deus acima de tudo. Não tem essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão e a minoria que for contra que se mude. As minorias têm que se curvar para as maiorias.”
“Com toda certeza, o índio mudou. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós.”
“Está cheio de pau de arara aqui e não sabem onde fica a cidade de padre Cícero.”
“Pau de arara funciona. Sou favorável à tortura. E o povo também é.”
“Não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente.”
“Os índios não falam a nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional?”
“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente como a americana, que exterminou todos os índios.”
“Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola.”
“Se eleito vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro jeito. Não serve mais.”
“Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas com um físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países pelo mundo.”
“A Greta [Thunberg] já disse que os índios morreram por estar a defender a Amazônia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa daí!”
“Apenas a diplomacia não dá! Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora.”
“E daí?”
“Toma quem quiser, quem não quiser não toma. Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma tubaína.”
“Chega de frescura, mimimi. Vai ficar chorando até quando?”
“Quando pega Covid-19 num bundão como vocês, a chance de sobreviver é bem menor do que a minha.”
Não podemos deixar que essa narrativa do mal continue construindo esse poema dos horrores.