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Orgulho da negritude feminina

*Oscar D’Ambrosio

Em tempos de um posicionamento da mulher negra no local que sempre lhe era devido e infelizmente foi negado por uma sociedade machista e racista em diversos aspectos, o musical “Elza”, atualmente, no Teatro Sergio Cardoso, em São Paulo, SP, merece ser lido não só como um ato de devoção à cantora Elza Soares, mas a liberdade de existir.

A vida da artista tem elementos melodramáticos suficientes para sete vidas, incluindo a infância pobre, um casamento e uma viuvez precoces, marcadas por violência física e sexual, além da união com o craque Garricha, envolvido com o vício da bebida, a morte de quatro de seus oito filhos, a morte da mãe num acidente e uma grave queda no palco.

Elza Soares soube se reconstruir continuamente e buscou constantemente se reafirmar com a sua voz inconfundível e com a convicção de que poderia alcançar o espaço que lhe cabia apesar das dificuldades, do preconceito e dos acontecimentos que pareciam sempre a jogar para os porões da existência.

Mas ela soube como atingir o sótão com claraboia e a varanda iluminada. Para isso, o musical conta com a presença iluminada de sete intérpretes que dão vida à cantora em diferentes momentos da carreira, principalmente a atriz convidada Larissa Luz, com um timbre que traz ao palco, a presença onipotente de Elza Soares com todo o orgulho e talento da negritude feminina.

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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