*Oscar D’Ambrosio
O cotidiano é o maior e o melhor museu que existe. Ele é o maior porque se trata de um acervo onipresente, que está ao nosso redor e para o qual geralmente mal reparamos. É o melhor, porque revela que nossas ações diárias e nossos objetos pessoais ou coletivos são parte de histórias únicas e peculiares.
Dentro da simplicidade dessa filosofia, mas marcada por uma profundidade de pensamento que às vezes se perde, a cidade de São Bento do Sapucaí, SP, possibilita a visita do Museu do Carro de Boi Quim Costa. É uma oportunidade única de ver diversos tipos de carro de boi e de visualizar a sua existência no cotidiano da cultura rural.
O Museu, inaugurado em 2016, homenageia o mestre carreiro regional Joaquim Pereira da Costa e abriga os carros de boi e as múltiplas ferramentas construídas por ele. É possível sentir naquele ambiente, em que o visitante é guiado pela família, a dedicação de uma vida a uma prática artesanal que inclui o fazer e o vivenciar.
Não existe pureza maior do que essa. Estar onde o mestre viveu e faleceu é um portal de entrada para uma percepção do mundo renovada que leva a uma reconexão com o trabalho cotidiano, árduo, mas prazeroso, intenso, mas pleno de significado para quem o pratica e para quem o admira.
Assim, no Museu, temos a nossa humanidade é restaurada com o encanto e a sabedoria da simplicidade de um fazer mágico pleno de complexidade inimagináveis ao leigo, que demandam habilidade, precisão e amor ao detalhe. Somente dessa maneira se torna possível dar a cada minuto o valor da eternidade. É o que Quim Costa fez durante e mesmo após a sua existência.
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*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. |