DEMOCRACIA UMA LUTA DE TODOS

No comando do Ministério dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara é a primeira indígena a chefiar uma pasta

Sônia Guajajara tem 48 anos, nasceu no MA, na terra indígena Arariboia, foi eleita deputada federal pelo PSOL de SP e é reconhecida internacionalmente pelas dezenas de denúncias sobre violações de direitos dos indígenas no Brasil.

Por Jornal Nacional

 


Sônia Guajajara assume o Ministério dos Povos Indígenas em cerimônia cheia de simbolismos: ‘Futuro do planeta é ancestral’

Sônia Guajajara assume o Ministério dos Povos Indígenas em cerimônia cheia de simbolismos: ‘Futuro do planeta é ancestral’

A primeira a assumir o cargo foi a ministra dos Povos Indígenas, em uma cerimônia cheia de simbolismos que emocionou a plateia.

Cânticos, um ritual indígena para abrir a cerimônia. Lula e Janja desceram a rampa. Logo atrás, Sônia Guajajara e Anielle Franco de mãos dadas. E o hino nacional é cantado primeiro no idioma tikuna; e depois em português. Tudo para saudar a primeira mulher indígena a assumir um ministério: Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.

A ativista Celia Xakriabá deu o tom da importância do novo ministério e da nova ministra:

“O Ministério dos Povos Indígenas poderia ser também – e é também – o ministério da floresta, da terra. O Ministério dos Povos Indígenas bem que poderia ser chamado e confundido com o ministério da vida. Esse é o tamanho da responsabilidade que estamos escrevendo hoje na história. É desse seio desse povo que vem essa mulher. Sônia também é macarapã, é pássaro; Sônia também é sabedoria; Sônia é sonho; Sônia é sol; Sônia é semente”.

Sônia subiu à tribuna emocionada e emocionando a plateia. Sônia Guajajara tem 48 anos, nasceu no Maranhão, na terra indígena Arariboia. Foi eleita deputada federal pelo PSOL de São Paulo neste ano. É reconhecida internacionalmente pelas dezenas de denúncias sobre violações de direitos dos povos indígenas no Brasil.

“Nós não somos o que, infelizmente, muitos livros de história ainda costumam retratar. Se, por um lado, é verdade que muitos de nós resguardam modos de vida que estão no imaginário da maioria da população brasileira, por outro, é importante saberem que nós existimos de muitas e diferentes formas. Estamos nas cidades, nas aldeias, nas florestas, exercendo os mais diversos ofícios que vocês possam imaginar. Vivemos no mesmo tempo e espaço que qualquer um de vocês, somos contemporâneos deste presente e vamos construir o Brasil do futuro, porque o futuro do planeta é ancestral!” , afirmou.

Entre as prioridades, ela defendeu políticas de educação e conservação das terras indígenas:

“Precisamos voltar a pensar as políticas de educação para os indígenas, valorizando as identidades plurais, formando professores indígenas, ampliando o acesso e a permanência no ensino superior. As terras indígenas, os territórios habitados por demais povos e comunidades tradicionais, e as unidades de conservação são essenciais para conter o desmatamento no Brasil e para combater a emergência climática enfrentada por toda a humanidade. Sabemos que não será fácil superar 522 anos em quatro, mas estamos dispostos a fazer desse momento a grande retomada da força ancestral da alma e espírito brasileiros. Nunca mais um Brasil sem nós”, finalizou.

Com Lula de cocar na cabeça, Sônia defendeu a democracia:

“Não vamos permitir novo golpe no nosso país. Estamos juntos, presidente Lula, para reconstruir a nossa democracia”.

Encerrado o discurso, mais emoção. Representantes do povo Terena encenaram a dança da ema e levantaram a ministra para saudá-la e homenageá-la.

Sônia Guajajara fez dois anúncios: a deputada Joenia Wapichana, da Rede, vai ser a presidente da Funai, Fundação Nacional do Índio, e a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, extinto no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro – conselho que, segundo a ministra, vai garantir a participação igualitária de todas as representações indígenas no país.

Botão Voltar ao topo
Fechar