Cultura

‘Namorados de aluguel’ e ‘síndrome do celibato’: veja o que está por trás da falta de bebês que preocupa o governo japonês

A falta de interesse em sexo já é um assunto debatido no país; entenda alguns costumes locais ajudam a explicar esse fenômeno.

Por Fantástico

 


Falta de interesse em sexo preocupa governo do Japão

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Falta de interesse em sexo preocupa governo do Japão

A falta de bebês tem se tornado um problema no Japão há alguns anos. Não é que os japoneses não tenham interesse em namorar. É que eles estão inventando novas formas de relacionamento, como, por exemplo, alugar namorados.

O repórter Felipe Santana foi entender com os próprios japoneses o que está por trás desse fenômeno, que pode ser observado nas ruas das grandes cidades, em anúncios chamativos para as clientes.

Anúncios chamam a atenção para lojas de aluguel de namorados no Japão. — Foto: TV Globo/Reproduççao

Anúncios chamam a atenção para lojas de aluguel de namorados no Japão. — Foto: TV Globo/Reproduççao

Em Tóquio, já são mais de 3 mil lojas de namorados de aluguel, como o host café, onde jovens são contratados para entreter mulheres durante 90 minutos de uma noite. A ideia é servir drinks e conversar, com o objetivo de fazer cada uma gastar muito dinheiro.

“Aqui não é só um lugar para beber drinks, mas um lugar onde meninos muito bonitos te tratam bem. A gente quer fazer com que elas se apaixonem pela gente”, diz Keiju, 22 anos, e que trabalha em um desses estabelecimentos.

Para os homens jovens, o atrativo do emprego pode ser justamente o ambiente descontraído e a possibilidade de beber de graça. Para isso, no entanto, eles têm que aprender a tratar a mulher do jeito que ela quer.

“Algumas mulheres só querem ouvir que são bonitas. Outras, que já ouvem o tempo todo que são bonitas, não querem mais ouvir isso. Algumas têm maridos ou namorados, mas continuam vindo aqui pelo jeito como são tratadas”, conta Keiju.

Questionado se poderia se apaixonar por uma cliente, ele diz que sim. No entanto, confessa que não namoraria alguém que frequentasse o local onde ele trabalha.

A Cha Cha tem 41 anos e é diplomata. Ela conta ao Fantástico o que procura em o Host Café.

A diplomata Cha Cha falou sobre relacionamento e porque procura namorados de aluguel — Foto: TV Globo/Reprodução

A diplomata Cha Cha falou sobre relacionamento e porque procura namorados de aluguel — Foto: TV Globo/Reprodução

“Eu venho aqui porque amo homens bonitos. Eu nunca me envolvi muito com homens. Aqui, desde que você pague, você recebe atenção. Num relacionamento normal tem muitos momentos que são chatos. Mas aqui, como as regras são muito claras, é fácil conversar — e você ainda pode se divertir”, fala.

Existem estabelecimentos também para homens. Isso mostra que os japoneses estão inventando formas de suprir a necessidade de um relacionamento, só que elas não produzem bebês. Com isso, o número de japoneses no mundo vem caindo e a população envelhecendo, o que gera um problema para o governo, principalmente por causa do mercado de trabalho.

Por causa disso, o primeiro-ministro Fumio Kishida disse que novos bebês japoneses são a prioridade máxima do país e criou uma comissão para aumentar a taxa de natalidade.

Governo japonês vê problema na queda da natalidade no país — Foto: TV Globo/Reprodução

Governo japonês vê problema na queda da natalidade no país — Foto: TV Globo/Reprodução

Por isso, o governo fez uma pesquisa para descobrir como ajudar os japoneses a se juntarem e terem bebês. Veja alguns dados deste levantamento:

  • Aumentou de 14% para 20% o número de homens que não sabem falar com as mulheres;
  • Aumentou de 16% para 18% o número de mulheres que não conseguem conversar com homens;
  • 40% dos homens até 30 anos nunca foram a um encontro.

A imprensa japonesa chama esse desinteresse em sexo de “síndrome do celibato”. Para resolver isso, um dos planos do governo é aumentar a mesada paga a casais que tenham bebês e dar apoio para que as pessoas estudem mais, tenham salários maiores e invistam em igualdade no ambiente de trabalho.

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Veja a reportagem completa no vídeo acima.

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