Solidariedade

Fora da Caridade Não Há Salvação

*Paulo Eduardo de Barros Fonseca

Um dia um doutor da lei indagou a Jesus: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus então lhe respondeu: “Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma e de todo o vosso espírito. Eis aí o maior e primeiro mandamento. Eis o segundo, que é semelhante a este: Amareis vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos.” (Matheus, cap. XXII, v. de 34 a 40)

Dada a semelhança dos dois mandamentos é plausível concluir que não se pode amar verdadeiramente a Deus sem amar ao próximo, nem amar ao próximo sem amar a Deus.

Toda a religião e toda moral se encontram encerradas nos preceitos: amemo-nos uns aos outros e façamos a outrem o que quereríamos que nos fosse feito.

É fato, o Amor resume toda a doutrina do Cristo.

Dentro de um processo reflexivo, tem-se que não é possível amar a Deus sem praticar a Caridade para com o próximo, sendo certo que todos os deveres do homem estão resumidos na máxima: “Fora da Caridade Não Há Salvação”.

Saulo, que tendo conhecido Jesus se tornou Paulo de Tarso, o nosso São Paulo, entendeu essa questão e ao discorrer sobre a necessidade da caridade disse-nos que: “Se eu falar a língua dos homens e não tiver a caridade, sou como o metal que soa ou o sino que tine. Se eu tiver o dom de profecia e conhecer todos os mistérios e quanto se pode saber, e se tiver toda fé, até o ponto de transportar montanhas, e se não tiver caridade, não sou nada. E se eu distribuir todos os meus bens em sustento dos pobres, e se entregar o meu corpo para ser queimado, se, todavia, não tiver caridade, nada disto me aproveita. A caridade é paciente, é benigna. A caridade não é invejosa, não obra temerária nem precipitadamente, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade: Tudo tolera, tudo crê. Tudo espera. Tudo sofre. Agora pois, permanecem estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, porém a maior delas é a Caridade.” (cf. Evangelho Segundo o Espiritismo)

Independentemente de qualquer crença particular a caridade está ao alcance de todos: do ignorante e do sábio, do rico e do pobre.

Ensina-nos a espiritualidade que na máxima: “Fora da Caridade Não Há Salvação estão contidos todos os destinos do Homem na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque aqueles que a tiverem praticado encontrarão graça diante do Senhor. Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade, e vossa consciência vos responderá; não somente ela vos evitará fazer o mal, mas vos levará a fazer o bem porque não basta uma virtude negativa, é preciso uma virtude ativa; para fazer o bem é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal basta, frequentemente, a inércia e a negligência.” (Cap. XV, pgs. 153/154)

A nossa felicidade na Terra – e na espiritualidade – será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros.  A caridade é a rota principal que conduz a Deus, sendo o objetivo que todos devem visar.

Assim, é necessário que pratiquemos a caridade moral – e a material – para que possamos vivenciar a lei maior do universo que é o Amor.

*Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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