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Entenda como funciona a prótese no tornozelo

Foto extraída da Internet

*Ana Paula Simões

Pacientes que sofrem de dores e artrose nos tornozelos, após serem submetidos à reposição (prótese total) do tornozelo, participam mais de esportes, observando melhor função, mobilidade e ausência de dores crônicas. Pesquisadores recomendam que os pacientes pratiquem atividades esportivas de baixo impacto após o procedimento de artroplastia total de tornozelo.

Pacientes participam mais de esportes após reposição da articulação do tornozelo, observando melhor função devido a essa abertura e maior ganho de mobilidade. Isso pode desempenhar um papel na melhoria geral da função, de acordo com pesquisadores suíços onde o atleta fez sua cirurgia. No Brasil, já fazemos esse procedimento há mais de cinco anos e descrevi como funciona em um artigo.

Victor Valderrabano, médico que fez a artroplastia no atleta argentino, publicou um trabalho onde avaliaram 152 casos de artroplastia total do tornozelo (em um total 147 pacientes) em um período mínimo de dois anos de acompanhamento para determinar a atividade esportiva e o resultado funcional.

Em média, houve um aumento nas atividades esportivas de 36% para 56% após o tratamento e colocação da prótese. Um paciente com artroplastia obtém uma função melhor e é mais ativo do que no pré-operatório, segundo a literatura.

O paciente tem alta satisfação e, sem dor, consegue praticar atividades que antes era impedido pelas limitações funcionais. O grupo de pacientes tinha uma média de 59,6 anos (faixa de 28 a 86 anos) e a maioria dos pacientes (76%) foi diagnosticada com osteoartrite pós-traumática, ou seja, um desgaste da articulação ocasionado por algum acidente ou trauma repetitivo, como no caso do jogador. Treze por cento dos pacientes foram submetidos a artroplastia por osteoartrose primária e 11% por artrite sistêmica.

A maioria dos pacientes relatou resultados de satisfação boa (50%) a excelente (33%) no pós-operatório, enquanto 11% relataram satisfação moderada e 6% não ficaram satisfeitos. A dor foi aliviada totalmente em 69% dos casos. Trinta e um por cento das pessoas ainda sofrem algum tipo de dor, com uma escala visual analógica média [pontuação] de 2,4 , o que para nós é muito bom, numa escala de 0 a 10, onde 10 é o máximo de dor.

Em média, os pacientes melhoraram de 36 no pré-operatório para 84 no pós-operatório no escore de retropé da Sociedade Ortopédica Americana (AOFAS), que é semelhante a outros achados do estudo. Essa escala, criada por cirurgiões de tornozelo, avalia também função e capacidade de deambular, onde a nota máxima é 100 pontos.

As taxas gerais de atividade esportiva aumentaram significativamente. Macaulay e outros autores separaram os níveis de atividade esportiva em moderado, normal, alto e elite e encontraram o maior aumento na faixa normal, com 9% participando de atividades esportivas normais no pré-operatório e 22% no pós-operatório.

A atividade esportiva moderada aumentou de 24% para 27% e a atividade esportiva alta aumentou de 3% para 7%. Os pacientes que praticavam esportes tinham principalmente atividades de baixo impacto e experimentavam um aumento na função. Eles tiveram um escore AOFAS significativamente mais alto: uma média de 88 pontos, em comparação com uma média de 71 pontos para pacientes inativos (P <0,05), de acordo com um resumo do estudo.

Função melhorada
A atividade esportiva melhora a função dos músculos da perna e dos pés, o que reduz as forças na articulação, salva a interface osso-implante, diminui o afrouxamento e reduz o desgaste do polietileno.

Com osteoartrite no tornozelo, os pacientes provavelmente eram menos ativos devido à dor e redução da função causada pelo desgaste. Isso gerava uma diminuição de amplitude e, devido à inatividade, ocasionava-se uma atrofia muscular por causa da falta de uso. Qualquer atividade esportiva se torna difícil, mesmo as de baixo impacto. Com a artroplastia, o paciente reduz as forças de reação articular e a dor, conseguindo voltar às suas atividades.

Bons treinos!

Fontes:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2019/09/segundo-maior-artilheiro-da-argentina-batistuta-coloca-protese-no-tornozelo-para-voltar-a-caminhar-sem-dor-ck0o54hzr07f201tg5rw8kio4.html

Macaulay A A, VanValkenburg S M, DiGiovanni C W. Sport and activity restrictions following total ankle replacement: a survey of orthopaedic foot and ankle specialists. Foot Ankle Surg. 2015;21(04):260–265.

Valderrabano V, Leumann A, Pagenstert G, et al. Sports activity with total ankle arthroplasty. #75. Presented at the American Academy of Orthopaedic Surgeons 74th Annual Meeting. Feb. 14-18, 2007. San Diego.

Kofoed H, Lundberg-Jensen A. Ankle arthroplasty in patients younger and older than 50 years: a prospective series with long-term follow-up. Foot Ankle Int. 1999;20(08):501–506.

Schuh R, Hofstaetter J, Krismer M, Bevoni R, Windhager R, Trnka H J. Total ankle arthroplasty versus ankle arthrodesis. Comparison of sports, recreational activities and functional outcome. Int Orthop. 2012;36(06):1207–1214.

*Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. www.anapaulasimoes.com.br

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