Em audiência de custódia em SP, brasileiros presos por suspeita de ligação com o Hezbollah negam planejar atos: ‘Não sou terrorista’
As investigações apontam que os brasileiros supostamente envolvidos com o Hezbollah já estavam recrutando mais brasileiros para finalizar planos de atentados terroristas. Após a audiência, eles seguiram em prisão temporária determinada pela 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
Por Bruno Tavares, TV Globo e g1 SP
Audiência de custódia de Lucas Passos Lima, preso por suspeita de ligação com Hezbollah
Dois presos por suspeita de planejar atos terroristas no Brasil passaram por audiência de custódia nesta sexta-feira (10), em São Paulo. Lucas Passos Lima, de 35 anos, e Jean Carlos de Souza, de 38 anos, negaram ligação com o grupo terrorista. A prisão foi mantida, e eles vão seguir para o sistema prisional na segunda-feira (13).
Lucas foi o primeiro a ser preso pela Operação Trapiche, da Polícia Federal. Ele recebeu voz de prisão na terça-feira (7), no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando voltava do Líbano. As investigações apontam que os brasileiros supostamente envolvidos com o Hezbollah já estavam recrutando outras pessoas para finalizar planos de atentados terroristas.
Ele disse que mora em Brasília, trabalha com regularização de imóveis e é representante comercial. Há sete anos, foi preso por porte ilegal de arma. “Você sair de um lugar para fazer parte de um grupo em guerra, você sair da sua paz para isso?”, questionou.
O segundo a ser ouvido foi Jean Carlos, que vive em Joinville, Santa Catarina. Afirmou que viaja com frequência porque trabalha com captação de negócios e sempre é parado pela Polícia Federal, mas nunca por algo como suposto envolvimento com grupos terroristas.
“Eu acho absurdo isso. Falar: ‘Jean, você é participante de um Hamas, Hezbollah. Não sei como estão falando isso’. Estou preso, eu só queria um pouco mais de respeito em relação a isso. Não sou. Se chegar na minha família, eu não sou terrorista”, afirmou.
José Roberto Timoteo da Silva, advogado de Jean, também se manifestou e disse que se trata de um “caso absurdo”, sem base qualquer. É mais uma coisa para envergonhar a Justiça brasileira”, disse.
Durante a audiência, as algemas foram mantidas porque o mandado de prisão menciona indícios de que os custodiados integram organização terrorista internacional. Após a audiência, eles seguiram em prisão temporária determinada pela 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
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A operação
A divisão antiterrorismo da Polícia Federal em Brasília foi alertada para o fato de que brasileiros, vários deles com passagem criminal, estavam sendo aliciados e contratados por comandantes do Hezbollah, no Líbano, para promover ataques no Brasil. A PF monitorava esse grupo desde dezembro de 2022.
As investigações descobriram que alguns desses brasileiros fizeram viagens recentes a Beirute para encontros com o Hezbollah e definiram valores pela colaboração em atos terroristas, além da lista de endereços a serem atacados e, ainda, o recrutamento de executores.
Na quarta-feira (8), a PF fez uma operação contra suspeitos de participarem do suposto esquema. Cinco pessoas foram alvos de medidas cautelares expedidas pela Justiça Federal de Minas Gerais.
Dois brasileiros foram presos, e um terceiro foi alvo de um mandado de busca, durante a operação.
Um cidadão libanês e outro sírio, ambos naturalizados brasileiros, também tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça. A PF informou que os dois estão fora do Brasil e, por isso, não foram presos durante a ação.