História

Crítica ao autoritarismo

Foto extraída da Internet

*Oscar D’Ambrosio

Se existisse uma categoria no Prêmio Oscar para melhor abertura de um filme, “Jojo Rabbit” poderia levar a estatueta até com certa facilidade, pois os primeiros minutos dirigidos por Taika Waititi, que também interpreta Adolf Hitler, são uma autêntica aula de como é possível estabelecer pontes entre elementos reais para criar um mundo paralelo.

É exatamente o que faz ao mesclar, por exemplo, cenas de fanatismo da juventude nazista com melodia dos Beatles. O uso de cores bem estouradas acentua a ideia de que o filme nos transporta para conhecer um fictício menino de 10 anos, em uma pequena cidade alemã, que tem como amigo imaginário o líder nazista.

Para complicar, a sua mãe (Scarlett Johansson, numa interpretação breve, mas marcante), que encontra na dança uma maneira de fugir à realidade opressiva, esconde na casa deles uma menina judia (bela e serena interpretação de Thomasin McKenzie). Os diálogos entre os dois jovens, repletos de contrapontos ideológicos resultam numa sutilmente construída paixão.

O grande mérito do filme está exatamente em sua atmosfera. A crítica ao nazismo é feita pelo ridículo e pelo riso, o que não é tarefa fácil. O diretor sai vitorioso dessa empreitada por lidar com as múltiplas contradições expostas sob um olhar delicado e humano que alerta para o risco de pensamentos autoritários, violentos e sectários serem prevalentes em qualquer sociedade.

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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