Saúde

Corte no Farmácia Popular: Mesmo alertado de riscos, governo Bolsonaro privilegiou orçamento secreto

Em ofício, técnicos da Saúde avisaram Ministério da Economia que a redução em recursos destinados à projetos da pasta poderiam afetar programas relevantes; área econômica, entretanto, alega que há uma ordem para não mexer nos recursos destinados ao pagamento de emendas de relator – mecanismo usado pelo presidente para garantir o apoio político do Centrão.

São Paulo

 


O ministro da Saúde Marcelo Queiroga (à esquerda) e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga (à esquerda) e o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O Planalto foi alertado por técnicos do Ministério da Saúde sobre riscos para a garantia de programas populares, como o Farmácia Popular, que distribui remédios para população carente em razão do corte nos recursos do Programa Farmácia Popular. O presidente Jair Bolsonaro (PL), entretanto, decidiu privilegiar a sua base política e não mexer no orçamento secreto.

Agora, diante da repercussão negativa e temendo efeito eleitoral, Bolsonaro pediu para a Economia e Saúde reverterem a decisão e reprogramar o orçamento.

O corte reduz a verba do programa dos R$ 2,04 bilhões em 2022 para R$ 804 milhões na proposta de orçamento de 2023 que o governo Bolsonaro enviou ao Congresso. O texto ainda não foi votado pelos parlamentares.

A redução pode afetar o acesso da população de baixa renda a 13 tipos diferentes de medicamentos usados no tratamento de diabetes, hipertensão e asma, além de restringir a distribuição de fralda geriátrica.

A possibilidade do impacto foi relatada à área econômica do governo Bolsonaro em um ofício enviado pelo Ministério da Saúde ainda durante a elaboração da proposta de orçamento de 2023, enviado no final de agosto ao Congresso.

“Apontamos as implicações para Economia, mas é um tema ainda em discussão no governo e no Congresso Nacional”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao blog. “Não haverá interrupção de políticas públicas. Eu tenho dialogado com o Ministro Paulo Guedes e a questão será resolvida.”

Ordem para não mexer no orçamento secreto

Técnicos da área econômica justificam o corte no Farmácia Popular por uma decisão política. Segundo fontes ouvidas pelo blog, há uma ordem para não mexer, no ano eleitoral, na previsão de verbas para o pagamento de emendas do orçamento secreto.

Emendas são parcelas do orçamento do governo federal que deputados e senadores destinam para projetos em estados em suas bases eleitorais. As emendas do orçamento secreto – chamadas de RP9 – têm critérios de distribuição menos definidos e execução menos transparentes que as demais.

Na prática, o mecanismo dá maior controle do orçamento do governo federal ao Congresso. Em troca de apoio político do Centrão – que comanda a ala política de seu governo –, Bolsonaro garantiu que esse mecanismo continue a funcionar em 2023.

“A orientação política é: em ano de eleição não se mexe na RP 9. Foi uma ordem”, diz uma fonte da área econômica.

CLIQUE NO LINK ABAIXO

https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2022/09/15/corte-no-farmacia-popular-mesmo-alertado-de-riscos-governo-bolsonaro-privilegiou-orcamento-secreto.ghtml

Botão Voltar ao topo
Fechar