Caso Djidja: investigação aponta que seita da família da ex-sinhazinha pode ter sido responsável por morte de avó
Segundo parentes, a avó de Djidja, uma a senhora de 82 anos, teve um AVC e morreu depois de um ritual com anabolizantes e outras drogas. A polícia investiga o caso.
Por Fantástico
Caso Djidja: investigação aponta que seita da família da ex-sinhazinha pode ter sido responsável por morte de avó
Um vídeo gravado na segunda-feira, 27 de maio, às 23h40, mostra Bruno Lima, ex-namorado de Djidja Cardoso, pedindo para ela entregar um frasco de cetamina.
À 0h08, já no dia 28, ele pede para a ex-sinhazinha do Boi Garantido deitar-se. Djidja, de 32 anos, morreu durante a madrugada.
O próprio Bruno encontrou o corpo em outro cômodo da casa, na manhã seguinte. A polícia suspeita que ela morreu por overdose de cetamina.
Entre 2016 e 2020, Djidja cardoso encantou o Amazonas como sinhazinha do boi garantido, no festival folclórico de Parintins. Depois, participou de programas de televisão e abriu uma rede de salões de beleza.
Ele é suspeito de integrar uma quadrilha que vendia cetamina, um anestésico de uso veterinário, e outros medicamentos restritos, sem receita médica.
Segundo a polícia, Bruno fazia parte da seita “Pai, Mãe, Vida”, criada por Cleusimar Cardoso e os filhos, Djidja e Ademar.
Seita “Pai, Mãe, Vida”, criada por Cleusimar Cardoso e os filhos, Djidja e Ademar. — Foto: Fantástico
O grupo usava cetamina – que causa alucinações e dependência – para alcançar uma falsa plenitude espiritual.
Os investigadores apuram também a participação de Bruno na morte da avó de Djidja, Maria Venina, de 82 anos, em junho do ano passado, em Parintins.
Parentes afirmam que Cleusimar, Djidja e Bruno aplicaram doses de anabolizantes na idosa, num suposto ritual da seita.
Uma mulher que prefere não se identificar, contou como tudo aconteceu: “Cleusimar fez o ritual da cura, ela expulsou todo mundo da casa da minha avó. E nesse ritual eles aplicaram uma bomba, e deram maconha para minha avó. Para fazer medicação, para ela meditar. Às 3h da manhã do dia 29 minha avó teve um AVC.”.
“Ela chamou minha tia que estava dormindo. E quando ela levantou, ela reclmaou de muita dor de cabeça e ela caiu nos braços da minha tia”.
Após a morte da mãe, uma irmã de Cleusimar pede, em uma mensagem de áudio, que ela pare de usar drogas.
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“Cleuse, que sirva de lição minha irmã, para de usar droga!”, diz a mensagem.
Segundo a prima, Cleusimar se drogava e dizia que tinha poderes para ressuscitar a mãe.
Ela conta que depois da morte da idosa, a família procurou a polícia e fez uma denúncia de cárcere privado. Os parentes queriam ajudar Djidja a se livrar das drogas e da seita comandada pela mãe dela.
Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido que morreu por suspeita de overdose — Foto: TV Globo/Reprodução
Um vídeo mostra policiais dentro da casa da família, mas Djidja não aceitou sair de casa com a polícia.
Na sexta-feira, uma operação prendeu, além de Bruno, outros quatro suspeitos de fazer parte da quadrilha de tráfico de cetamina, em Manaus.
Por nota, a defesa de Bruno Lima disse que a prisão dele é desnecessária uma vez que ele sempre cooperou com as investigações.
Entre os presos, está Hatus Silveira, um ex-fisiculturista que indicava exercícios físicos e remédios para a família de Djidja.
Na casa dele, os investigadores encontraram seringas e frascos de um medicamento de fortalecimento para animais de grande porte, usado irregularmente por pessoas que querem aumentar a massa muscular.
Segundo a polícia, foi Hatus quem prescreveu, ilegalmente, o uso de cetamina para a família.
Ele também indicou locais para a compra da droga.
Vídeo mostra policiais dentro da casa de Djidja. — Foto: Fantástico
Nesta semana, auditores fiscais do Ministério da Agricultura acompanharam a operação de fiscalização em clínicas veterinarias alvos da investigação.
Segundo a polícia, elas sao suspeitas de vender cetamina e outros medicamentos sem autorização.
Os políciais encontraram dezenas de frascos de cetamina e outros medicamentos.
O empresário José Máximo Silva de Oliveira que, segundo a polícia, é o responsável pelas clínicas veterinárias investigadas, se apresentou na delegacia e foi preso.
Por nota o advogado de José Máximo nega que seu cliente tenha prescrito cetamina ou outro tipo de medicamento para a família Cardoso.
Nossa equipe conversou com Hatus Silveira, antes da prisão dele. Ele fala que nunca indicou cetamina.
O advogado dele nega que Hatus tenha cometido qualquer crime.
“Ele não forneceu, ele não aplicou, ele não vendeu, ele não transportou, ele não fez nenhuma dessas modalidades”, diz o advogado Mozart Bessa.
A polícia discorda e diz que pela linha de investigação foi levantado que ele acabava prescrevendo protocolos para que a família utilizasse tanto o potenay quanto a cetamina.
A investigação apurou que boa parte do dinheiro da rede de salões de beleza de Djidja Cardoso era usado para comprar cetamina. Segundo a polícia, a família pretendia abrir uma clinica veterinária para ter acesso mais rápido à droga.
No fim do mês passado, a polícia prendeu o irmão de Djidja, Ademar, a mãe deles, Cleusimar, e mais três funcionários da rede de salões de beleza.
Segundo a polícia, eles são suspeitos de usar a seita “Pai, Mãe, Vida” como pretexto para usar e vender cetamina, o que caracteriza tráfico de drogas.
Ademar também é investigado por estupro de uma jovem que teria sido abusada quando estava sob efeito da droga na casa da família. A justiça concedeu liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica a uma das funcionárias investigadas, porque ela tem uma criança de um ano e nove meses.
O Fantástico não teve retorno dos advogados de Ademar e Cleusimar Cardoso, mas não obteve retorno.