Caçadores de tesouros buscam metais em praias e acham joias, celulares e até drone perdido no mar; VÍDEO
Nádia Aparecida Moreira e Paulo César Martins moram em Santos, no litoral de SP, mas também praticam detectorismo em outras cidades brasileiras.
Por g1 Santos
Casal ‘caçador de tesouros’ rastreia metais em praias
Um casal ‘caçador de tesouros’ investe tempo e dinheiro em rastrear objetos valiosos em praias brasileiras. Paulo César Júnior, de 44 anos, e Nádia Moreira, 55, moram em Santos, no litoral de São Paulo, mas percorrem outras cidades para praticar o detectorismo. A prática é realizada por meio de um equipamento capaz de detectar metais no subsolo. Além de joias em ouro e prata, a dupla já encontrou um iPhone soterrado e um drone no mar.
A dona de casa e o motorista iniciaram o detectorismo há cerca de três anos. Nádia conta que começou a ver vídeos sobre o assunto na internet, e se surpreendeu quando o esposo a presenteou com um detector de metais no aniversário.
Casal ‘caçador de tesouros’ rastreia metais em praias, entre os itens achados estão joias, celulares e drone perdido no mar — Foto: NP_detectorismo
De lá para cá, eles afirmam já ter percorrido as areias das praias de Santos, Ilha Comprida, Cabo Frio e no bairro Riviera de São Lourenço, em Bertioga. Além de procurar metais também no mar em Cananéia e em cachoeiras, onde, segundo Paulo, é necessário mergulhar e permanecer em apneia.
A maior parte do material encontrado é lixo. Entre os itens de valor que o casal mais localiza nas praias estão moedas, bijouterias e anéis de prata. Sobre os materiais em ouro, Paulo conta que, durante os três anos de caça, ele e a esposa só acharam alianças.
Porém, ele ressaltou que o objetivo principal não é encontrar apenas objetos valiosos, mas o detectorismo é uma forma de lazer e também de recolher objetos que poluem a natureza.
“A prática é um hobby. Hoje em dia é difícil encontrar material de valor. As pessoas têm medo de ir à praia com prata e ouro. Tampinha e lacre [de garrafa e latinha] são os campeões na praia”, disse o motorista.
Paulo César Martins Júnior, de 44 anos, e Nádia Aparecida Moreira, 55, praticam detectorismo há cerca de três anos — Foto: NP_detectorismo
iPhone soterrado e drone no mar
Em 2021, o casal encontrou um celular soterrado há quatro dias na areia da praia, em Santos, a cerca de 30 centímetros da superfície. Paulo relatou ao g1, na época, que ele e a esposa se assustaram quando perceberam que o aparelho estava funcionando, mas começaram a tentar usar o celular. Por ser um modelo diferente, pediram ajuda da filha, que conseguiu resgatar o contato da proprietária e fizeram questão de devolvê-lo.
Em 2021, o casal encontrou um Iphone 11 soterrado a cerca de 30 centímetros da superfície, e devolveram o aparelho para a dona — Foto: Arquivo Pessoal
“Tinha uma foto de casal na tela, liguei e perguntei quais eram as características da pessoa. Quando bateu, falei que a gente podia nos encontrar para devolvermos”, relembra.
Nádia conta que, em outra ocasião, o esposo achou um drone na água. Eles viram que na parte de trás do aparelho tinha um número de telefone, que era do ex-dono do eletrônico. O homem, porém, havia vendido o drone para uma fotógrafa.
Ao conseguiu o contato da profissional, ela teria afirmado não ter interesse em buscar o aparelho, pois por conta do tempo que passou no mar, ele estava deteriorado. O casal, então, guardou o objeto.
Paulo e Nádia localizaram um drone perdido no mar em Santos — Foto: NP_detectorismo
Destinos dos metais
Nádia afirmou à reportagem que todos os itens encontrados são levados para a casa deles, onde são guardados. Ao final do ano, eles gravam um vídeo com a retrospectiva de tudo o que foi achado para publicar em um canal no YouTube.
Segundo a dona de casa, o lixo é descartado em um ferro velho, já os itens em prata e ouro são pesados e vendidos para ourives. “Devolver ouro para o dono é difícil, porque se postar na internet, vai aparecer um monte de gente falando que é o dono. Quando encontramos celular é diferente, a gente tenta de todas as formas localizar o dono”, acrescenta Paulo.
Entre os itens de valor que o casal mais localiza nas praias estão moedas, bijuteria e anéis de prata — Foto: NP_detectorismo
Investimento e retorno financeiro
Segundo Nádia, o valor dos detectores varia entre R$ 300 e R$ 40 mil, dependendo das especificações. O aparelho dela, por exemplo, suporta mergulhar até três metros. Já o do esposo é capaz de afundar 66 metros de profundidade. Mesmo com o investimento considerado alto, Paulo afirma que o retorno financeiro é baixo. “Estamos pobres ainda”, brinca.
Itens encontrados na praia são levados para a casa do casal, em Santos, onde são guardados durante o ano todo — Foto: NP_detectorismo
A dupla lembrou de uma ocasião que um homem contratou o serviço de detecção de metais para procurar uma aliança em ouro que ele tinha perdido na praia, mas segundo Paulo, eles encontraram outra aliança, que não era a do contratante.
“As vezes, as pessoas se iludem achando que vão encontrar ouro toda vez que for à praia, mas não é bem assim. É bem difícil achar ouro. Quando a pessoa entra nessa prática sem ganância, só para curtir pela curiosidade de saber o que tem embaixo da terra, é um hobby muito legal. Essa sensação é muito boa. Quando a pessoa entra com a intenção de ganhar dinheiro, em dois ou três meses está vendendo o aparelho”, finaliza o motorista.