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Bolsonaro diz em ação no TSE que Lula despreza cultura indígena

Propaganda do PT utilizou trecho de entrevista em que o presidente fala em comer carne humana

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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Juliana Braga

 

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Em ação enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitando a retirada do ar de vídeo da campanha de Lula (PT) em que Jair Bolsonaro (PL) fala em comer carne humana, a equipe de advogados do presidente afirma que os petistas estão desinformando a população sobre a cultura indígena, trazendo mais discriminação a esses povos.

Eles também pediram direito de resposta na noite desta sexta-feira (7), utilizando os mesmos argumentos.

Segundo a peça, Bolsonaro deu demonstração de respeito à cultura indígena, sem críticas a atos e costumes das comunidades tradicionais, ainda que contrários à cultura ocidental.

A campanha do PT, por sua vez, ao recortar apenas um trecho da entrevista, estaria deliberadamente gerando fake news para prejudicar Bolsonaro, transmitindo a ideia de que ele seria canibal, e atingindo também os povos indígenas.

“Desrespeita-se a cultura indígena, a partir de importante ritual funerário, gravado de forte espiritualidade e significação cultural, para transformá-lo em prática bárbara, não civilizada e verdadeiramente monstruosa (aos olhos da cultura ocidentalizada, frise-se!). Tudo isso, para servir de contexto de agressão ao candidato adversário”, diz a peça dos advogados de Bolsonaro.

“Ou seja, o desrespeito vulgar e a degradação à cultura indígena são efeitos colaterais, diminutos, perfeitamente tolerados pelos representados, desde que sirvam ao propósito de agredir o adversário, com toda a sorte de descontextualizações e mentira, dentro de uma estratégia eleitoral verdadeiramente rasteira e repugnante”, completa.

A ação diz que o tema é constantemente utilizado pela oposição para criticar Bolsonaro. O governo do presidente é criticado pelo tratamento dado às comunidades indígenas, com a defesa da redução das demarcações das reservas, a defesa da exploração de minério nesses locais, a falta de planejamento para imunização desses povos contra a Covid, entre outros.

Ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro disputam o segundo turno em 2022 – Gabriela Biló/Folhapress e Pedro Ladeira/Folhapress

Em uma de suas falas mais famosas sobre a questão, Bolsonaro disse que em seu governo não haveria um centímetro demarcado para indígenas e quilombolas.

No vídeo de 2016, realizado em entrevista do então deputado federal ao jornalista Simon Romero, do The New York Times, Bolsonaro relatava uma experiência em uma comunidade indígena em Sururucu, localizada em Vista Alegre (RO). “Morreu um índio e eles estão cozinhando. Eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias e come com banana” disse na entrevista.

“Eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: se for, tem que comer. Eu como”, diz Bolsonaro, no trecho destacado na propaganda petista.

“Como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá”, explica. “Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo”, finalizou o presidente.

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