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Atividade física durante a gravidez

Foto ilustrativa facebook

*Ana Paula Simões

A orientação para a realização de atividade física durante a gestação é estimulada e indicada pelo American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) desde a década de 1990. Porém, somente em 2002 essa prática foi reconhecida como segura e indicada para todas gestantes saudáveis, e confirmadas no guideline da sociedade brasileira de medicina do esporte. Portanto, por ser um consenso relativamente novo, muitas pessoas ainda desconhecem seus benefícios.

A gravidez é um período favorável para a intervenção dos profissionais da saúde, porque as mulheres estão muito próximas, realizando consultas frequentes, mais atentas às mudanças do seu corpo além de estarem fazendo exames de rotina e recebendo uma série de orientações. Durante a gestação estamos mais sensibilizadas para os benefícios de um estilo de vida mais saudável visando obter os melhores resultados para si os filhos. Nesse período, as mulheres deixam de fumar, beber álcool excessivamente e outras práticas que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.

Os exercícios físicos reduzem o risco de complicações obstétricas, geram maior controle do ganho de peso da mãe e atuam positivamente no estado psicológico, diminuindo a incidência de depressão e estresse, além do lado social que é super importante.

Alguns cuidados devem ser tomados ao praticar as atividades físicas especialmente nesses nove meses:

– Use roupas frescas, evite altas temperaturas e beba muita água para se manter hidratada.

– Também é importante intensificar o uso de protetor solar, pois o sol pode aumentar as manchas na pele da gestante, principalmente na face.

Atividades recomendadas

As atividades físicas mais recomendadas são as praticadas na água, como hidroginástica e natação, uma vez que evitam as forças gravitacionais, diminuindo a sobrecarga muscular em regiões que já estão sendo hipersolicitadas, como ocorre na lombar, por exemplo.

Uma boa alternativa para prevenir a perda do tônus muscular e melhorar a flexibilidade são os exercícios posturais como ioga, Pilates e RPG (eu fiz nos seis primeiros meses exercícios funcionais e, nos três últimos, musculação sem peso, apenas contraindo o músculo e usando os aparelhos e elásticos de rotina).

Mas o que mais encontrei em comum na literatura foi o consenso: evite aumentar sua frequência cardíaca 20% acima dos valores de repouso, mantendo assim adequado o fluxo sanguíneo ao bebê e ao seu corpo.

Porém, na gestação a adesão ao exercício ainda é difícil, pois muitas mulheres têm receios e dúvidas quanto à segurança da sua prática, necessitando de esclarecimentos e incentivos constantes, que precisam ser feitos pelos profissionais que as atendem e familiares que as circundam.

No pós-parto, introduzir a prática de exercícios na rotina das mulheres é ainda mais desafiador, diante do tempo demandado com cuidados com o recém-nascido. Entretanto, mulheres que são ativas na gestação tendem a se manterem ativas no pós-parto.

Saindo da maternidade, cerca de 5kg ou mais já ficam para trás. Mais o inchaço das mamas, a retenção de líquidos e alguns quilinhos extras acumulados, podem ser mais facilmente eliminados com a atividade física aeróbica. Contudo, durante a gravidez esses esportes principalmente os de impacto (como corrida e tênis que eu praticava de forma moderada) devem ser realizados somente por quem já está adaptado e treinado para tal, pois não adianta querer começar porque está gravida, pois nesses casos, o sobrepeso associado ao despreparo físico podem ser prejudiciais para alguns esportes.

São poucas as condições que inviabilizam a prática de exercícios físicos durante a gestação. E, normalmente, não se trata de uma doença anterior da mulher, e, sim, de algum problema ou risco particular àquela gestação. Se a gestante teve, por exemplo, sangramento vaginal com descolamento da placenta, encurtamento do colo uterino, ou se entrou em trabalho de parto prematuro, a prática de atividades físicas é desaconselhada por aumentar o risco de o bebê nascer antes da hora. Ou em casos específicos, principalmente para mulheres com problemas cardíacos, gravidez múltipla, feto com crescimento inadequado, ou qualquer condição que saia da considerada “gravidez saudável” pelo seu médico.

Vale lembrar também que, uma vez autorizada pelo obstetra, a prática de exercícios traz benefícios que não se limitam ao físico. Quando a mulher se exercita, o corpo libera uma série de hormônios que provocam bem-estar, as chamadas endorfinas. Elas melhoram o humor, reduzem o estresse, e isso se estende também ao bebê, uma vez que cai na corrente sanguínea da mãe, por meio da placenta chegará até ele. Além disso, a mulher que pratica atividades físicas tem mais confiança no próprio corpo, mais controle e é mais autoconsciente. E isso faz toda diferença na hora do parto, porque a deixa muito mais segura e feliz com seu corpo!

Portanto, há muito mais benefícios que contraindicações. Bons treinos e sejam felizes!

*Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. www.anapaulasimoes.com.br

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