Históriavergonha nacional

Apoiado por fazendeiro, condenado por tráfico e candidato derrotado a prefeito: quem é o indígena bolsonarista preso pela PF por atos antidemocráticos

Depois da prisão de José Acácio Serere Xavante, bolsonaristas promoveram vandalismo na capital federal.

 


José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, é pastor e mora em Campinápolis (MT). — Foto: Reprodução/Facebook

José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, é pastor e mora em Campinápolis (MT). — Foto: Reprodução/Facebook

José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, preso nesta segunda-feira (12) em Brasília pela prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos, é pastor, mora em Campinápolis, a 565 km de Cuiabá, onde já concorreu a prefeito –e foi preso e condenado por tráfico de drogas.

O que se sabe de José Acácio:

  • É apoiador do presidente Jair Bolsonaro e participou de atos golpistas. Ele se apresenta como pastor e missionário. No final de semana, ele disse em Brasília que Lula “não sobe a rampa”;
  • A pedido da Procuradoria Geral da República, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dele por participar de “manifestações de cunho antidemocrático” nas imediações do Congresso, no Aeroporto Internacional de Brasília, em um shopping e em frente ao hotel onde estão hospedados Lula e o vice Geraldo Alckmin (PSB). A PF, então, o prendeu;
  • A PF informou que José Acácio está acompanhado de advogados e que as formalidades relativas à prisão “estão sendo adotadas nos termos da lei” e que o processo corre em sigilo. O g1 procurou o advogado dele, mas não conseguiu contato até a última atualização desta reportagem.
  • Ele se identifica como cacique. A Funai informou que ele não faz parte dos caciques tradicionais –mas que não é possível afirmar se José Acácio é cacique ou não, porque há muitas terras indígenas e aldeias;
  • Foi preso por tráfico de drogas em 2007 em Campinápolis, a 544 km de Cuiabá: ele e a esposa foram flagrados pela polícia com porções de cocaína. José Acácio foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão em regime fechado; ele cumpriu parte da pena preso e obteve na Justiça o direito a sair da prisão em 2008. Em agosto de 2009, o processo foi encerrado, segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
  • José Acácio Concorreu a prefeito de Campinápolis nas eleições de 2020 pelo Patriotas. Recebeu apenas 689 votos , o equivalente a 9,7% do total, e ficou em terceiro lugar.
  • Em vídeo (veja abaixo) que circula nas redes sociais, um fazendeiro pede ajuda financeira para manter José Acácio e outros indígenas de Mato Grosso nos atos golpistas de Brasília. O fazendeiro também diz que ele e outros amigos já conseguiram mandar cerca de oito ônibus com indígenas para Brasília e pede dinheiro para continuar mantendo os manifestantes. “Estamos com um pouco de dificuldade para manter esses índios lá. Qualquer quantia vai ajudar muito. Estamos recebendo R$ 30, R$ 40, até R$ 500. O que vier será bem-vindo”, diz trecho do vídeo. Não fica claro se o dinheiro chegou até José Acácio.

Fazendeiro pede dinheiro para manter indígenas em Brasília

Sarere com o atual presidente, Jair Messias Bolsaro (PL).  — Foto: Reprodução/Facebook

Sarere com o atual presidente, Jair Messias Bolsaro (PL). — Foto: Reprodução/Facebook

Ônibus queimado durante atos de vandalismo de bolsonaristas em Brasília, nesta segunda (12) — Foto: TV Globo/Reprodução

Ônibus queimado durante atos de vandalismo de bolsonaristas em Brasília, nesta segunda (12) — Foto: TV Globo/Reprodução

Botijões são encontrados em diversos pontos das ruas onde ocorreram os atos de vandalismo em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Botijões são encontrados em diversos pontos das ruas onde ocorreram os atos de vandalismo em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Os ataques de bolsonaristas em Brasília

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