DEMOCRACIA UMA LUTA DE TODOS

Anielle Franco toma posse, lembra Marielle e diz que racismo merece direito de resposta eficaz

Na mesma cerimônia, tomou posse a líder indígena Sonia Guajajara, que assumiu o Ministério dos Povos Indígenas.

Por Kellen Barreto, Pedro Henrique Gomes, Vinícius Cassela, Paloma Rodrigues e Elisa Clavery, g1 e TV Globo — Brasília

 


Anielle se emociona durante posse do Ministério da Igualdade Racial

Anielle se emociona durante posse do Ministério da Igualdade Racial

Anielle Franco assumiu nesta quarta-feira (11) o cargo de ministra da Igualdade Racial afirmando que “o racismo merece um direito de resposta eficaz”.

A cerimônia ocorreu no Palácio de Planalto, em Brasília, com a presença de autoridades, entre elas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seu discurso, ela homenageou a irmã Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 14 de março de 2018, e elencou uma série de ações voltadas ao combate à desigualdade racial, em especial, fortalecendo o papel das mulheres negras.

Durante a fala, Anielle Franco disse que assume o compromisso de exercer o cargo com “transparência, seriedade, técnica, combatividade, cuidado, respeito à trajetória e conquistas dos movimentos sociais e muita escuta”.

“Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade”, disse a ministra.

Anielle também lembrou o ataque às sedes dos três poderes no domingo. “Depois dos atentados sofridos por esta casa e pelo povo brasileiro no último domingo, pisamos aqui em sinal de resistência a toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia. O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade”, disse.

Na mesma cerimônia, no Palácio do Planalto, também tomou posse Sonia Guajajara, que comandará o Ministério dos Povos Indígenas. Ambas seriam empossadas na segunda-feira (9), mas a cerimônia foi adiada em razão dos estragos deixados por bolsonaristas radicais que invadiram o Planalto e outros prédios da Esplanada no último domingo (8).

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Anielle Franco durante sua posse como ministra da Igualdade Racial. — Foto: FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Anielle Franco durante sua posse como ministra da Igualdade Racial. — Foto: FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Nova ministra

Anielle Franco foi anunciada por Lula como nova ministra da Igualdade Racial em 22 de dezembro e foi nomeada pelo presidente em 1º de janeiro.

Anielle nasceu na Maré, conjunto de comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro. É bacharel em Jornalismo e em Inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte, bacharel-licenciada em Inglês/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A ministra também é mestra em Jornalismo e em Inglês pela Universidade da Flórida A&M e doutoranda em Linguística Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A nova equipe do ministério será a seguinte:

  • Roberta Eugênio, Secretaria Executiva;
  • Márcia Lima, Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo;
  • Iêda Leal, Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial;
  • Ronaldo dos Santos, secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos; e
  • Flávia Tambor, chefe de gabinete.

Prioridades

Como antecipou a repórter Fernanda Rouvenat, da GloboNews, o Ministério da Igualdade Racial pretende concluir nas próximas semanas o planejamento estratégico da pasta e já lista algumas prioridades em áreas específicas.

Na educação, o principal foco do ministério sob o comando de Anielle Franco será a ampliação, fortalecimento e efetividade das Leis de Cotas no Ensino Superior, na Pós-Graduação e no Serviço Público.

O objetivo do novo ministério será atuar de forma transversal com outras pastas do governo, como o Ministério da Justiça, dos Direitos Humanos, da Saúde, da Cultura e das Mulheres.

Políticas voltadas para a saúde da população negra também estão no topo da lista de prioridades, assim como a retomada do plano Juventude Negra Viva — uma iniciativa para reduzir a vulnerabilidade da juventude negra — e políticas para as comunidades quilombolas nos diferentes ministérios.

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