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Agressões, tortura e até assassinato: os crimes por trás das comunidades terapêuticas da Grande SP

Uma investigação jornalística de sete meses revela que estabelecimentos na Grande São Paulo são semelhantes aos antigos manicômios — e que outros são ainda piores.

Por Fantástico

 


Fantástico mostra denúncias de agressões e até assassinato em comunidades terapêuticas

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Fantástico mostra denúncias de agressões e até assassinato em comunidades terapêuticas

Sem saber o que fazer com os dependentes de drogas, muitas famílias recorrem a internações em comunidades terapêuticas. Elas, em teoria, deveriam funcionar como casas de apoio, mas muitas não têm licença para funcionar e nem estrutura de acolhimento.

Uma investigação jornalística de sete meses revela que vários desses lugares na Grande São Paulo são semelhantes aos antigos manicômios — e que outros são ainda piores. Há agressõestortura e até uma denúncia de assassinato.

Em uma das unidades da Comunidade Terapêutica Kairós, por exemplo, imagens mostram um homem sendo agredido por sete pessoas. Em outra unidade, este ano, dois internos morreram (assista na reportagem em vídeo acima).

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Uma paciente falou ao Fantástico sobre a violência que sofreu na Kairós e como foi enganada à primeira vista.

“Eu estava com dependência de medicação, e a minha prima procurou uma pela internet, porque a Kairós é realmente muito bonita pelas fotos”, disse a mulher, que não quis se identificar.

 

Entre dezembro e março deste ano, ela ficou na unidade feminina da Kairós, em Juquitiba — contra a própria vontade.

As comunidades terapêuticas são entidades privadas que oferecem acolhimento para dependentes de drogas — muitas cobram pelo serviço.

“Do portão para dentro, as coisas mudam. Lá é um sistema de cadeia”, relata.

Métodos de punição

 

A paciente contou sobre um local na unidade conhecido como “buraco”: “Ele serve para deixar as meninas de castigo”.

Outro método de castigo conhecido pelos internos é a “parede”: “Tem que ficar o tempo todo olhando para a parede”, diz a mulher.

Segundo a paciente, além da violência física, as agressões psicológicas também eram constantes. “Dentro da Kairós, ou você entra no sistema, ou você vai tomar gogó”. O “gogó”, citado pela entrevistada, é um golpe conhecido com mata-leão.

“Geralmente, eles [os gogós] são dados na frente de todo mundo, que é para todo mundo ver”, conta a interna.

 

A Kairós feminina, onde a mulher ouvida pelo Fantástico diz ter sido torturada, segue aberta, em processo de regularização. A reportagem foi até o local, mas a dona se recusou a dar entrevista ou enviar qualquer posicionamento.

Já sobre a violência contra o homem agredido por sete pessoas, o advogado do dono da Kairós disse que os envolvidos foram identificados, os funcionários demitidos e os nomes repassados para a polícia.

Veja mais depoimentos na reportagem acima.

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