Criança e Adolescente

Ágil e cuidadosa, irmã mais velha foi figura central na sobrevivência das crianças colombianas após queda de avião e 40 dias na selva

Lesly Mucutuy, de 13 anos, tem 'natureza guerreira', é inteligente e foi treinada para caminhar na selva, além de já cuidar dos irmãos mais novos, disseram avós.

Por g1

 


Lesly Jacobombaire Mucutuy ( no centro, atrás do irmão mais novo) posa para foto com irmãos, militares e indígenas que buscavam pelas crianças na selva colombiana, em 9 de junho de 2023.  — Foto: Forças Armadas da Colômbia via AP

Lesly Jacobombaire Mucutuy ( no centro, atrás do irmão mais novo) posa para foto com irmãos, militares e indígenas que buscavam pelas crianças na selva colombiana, em 9 de junho de 2023. — Foto: Forças Armadas da Colômbia via AP

Em um selva com animais como onças e cobras, árvores de até 60 metros de altura e umidade a 82% – principalmente em maio, quando chove até 17 horas por dia na região -, seria pouco provável que quatro crianças, uma delas de um ano, sobrevivessem sozinhas por 40 dias, descalças e sem comida nem água potável.

Mas a sabedoria, a habilidade o cuidado de uma adolescente de 13 anos conseguiram o improvável.

Lesly Mucutuy, a mais velha dos quatro irmãos que foram encontrados na sexta-feira (11) após sobreviver à queda do avião em que estavam e passar 40 dias na floresta, vem sendo apontada pelos parentes como a figura central para que as crianças conseguissem sobreviver por tanto tempo.

A avó das crianças, Fátima Valencia, disse que a neta mais velha tem “uma natureza guerreira”.

O avô, Fidencio Valencia, já havia afirmado, antes de o grupo ser resgatado, que Lesly era muito inteligente e seria capaz de guiar os irmãos pela selva.

Ela foi apontada também pelos parentes como uma menina habilidosa, ágil e bem treinada para andar pela selva. Os irmãos vivem em Araracuara, um povoado ao pé da floresta densa e, segundo os parentes, Lesly sempre conseguia caminhar bem pela área.

A capacidade das crianças em caminhar no meio da selva chamou muito a atenção dos militares – no total, membros do grupo de resgate andaram mais de 2.600 quilômetros na selva, segundo as Forças Armadas.

Através de pistas como frutas mordidas e objetos deixados para trás, eles percebiam que os irmãos se movimentavam quase sem parar.

Crianças que sofreram acidente de avião na Colômbia são resgatadas após 40 dias

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Cuidado dos irmãos

Além das habilidades, Lesly já cuidava dos irmãos em casa quando a mãe tinha de sair, contaram os avós à imprensa. Nestes períodos, era responsável por alimentá-los, inclusive a bebê, que completou um ano durante o período em que os irmãos ficaram perdidos na selva.

Por isso, disse o pai das crianças, se sentiu responsável por todos.

Lesly cursa atualmente o 5º ano do Ensino Fundamental em uma aldeia indígena, perto de onde vive com os irmãos. E, nos tempos livres, costuma brincar muito na floresta, segundo relatou a tia das crianças, Damarys Mucutuy.

Ao jornal espanhol “El Mundo”, Damarys disse que a sobrinha costumava brincar de um jogo de sobrevivência com uma das irmãs e amigas.

“Ela sabia quais frutos se pode comer e quais são venenosos. E também sabe bem como cuidar de um bebê”, disse a tia ao jornal espanhol.

Cronologia das buscas pelas crianças perdidas na selva amazônica colombiana — Foto: Arte/g1

Cronologia das buscas pelas crianças perdidas na selva amazônica colombiana — Foto: Arte/g1

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