Padaria onde Bolsonaro gastou mais de R$ 360 mil no cartão corporativo tem filial a 450 metros de condomínio Vivendas da Barra

Apesar da proximidade com a filial da padaria que fica na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, Bolsonaro se tornou cliente de outra unidade da rede, a de Copacabana, na Zona Sul, com o cartão corporativo da Presidência. Nesse local, o cartão de Jair Bolsonaro foi passado 20 vezes, entre 2019 e 2022, gastando um total de R$ 361.998,80.

A compra mais cara aconteceu no dia 26 de maio de 2019, quando o ex-presidente comprou R$ 55 mil em produtos de padaria. Em média, cada visita de Bolsonaro no estabelecimento custou, aproximadamente, R$ 18 mil aos cofres públicos.

Veja a lista de gastos em uma única padaria entre 2019 e 2022:

Os dados do cartão corporativo dos últimos quatro presidentes foram obtidos pela agência Fique Sabendo e divulgados pelo atual governo de forma detalhada na última quinta-feira (12). Só na gestão Jair Bolsonaro, foram identificados R$ 27,6 milhões em gastos no cartão corporativo.

Para evitar comentários sobre os gastos no cartão corporativo ao longo do mandato, o ex-presidente determinou sigilo de 100 anos sobre esses dados. Contudo, as despesas foram divulgadas pelo governo do presidente Lula, que atendeu um pedido feito pela Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Jair Bolsonaro não foi o único presidente que utilizou o cartão corporativo na padaria Santa Marta de Copacabana. Seu antecessor, o ex-presidente Michel Temer (MDB), também autorizou compras no estabelecimento. Contudo, a soma dos gastos mostra uma diferença considerável.

Em quatro compras feitas na padaria, Temer gastou R$ 12.889,70. Em média, o emedebista pagou cerca de R$ 3.200 em cada visita. O valor é, aproximadamente, cinco vezes menor do que o gasto médio de Bolsonaro na mesma padaria.

O Condomínio Vivendas da Barra não era vizinho apenas da filial da padaria mais visitada pelo ex-presidente ao longo do mandato. O Hotel Windsor, da Barra da Tijuca, fica a 400 metros do local onde Bolsonaro morava no Rio.

Ao longo do mandato, entre 2019 e 2022, Bolsonaro usou o cartão corporativo para pagar hospedagens nesse hotel em 13 oportunidades, com um total gasto de R$ 101.290,89. Em média, cada visita do presidente no hotel custou R$ 7.791.

Apesar de não morar mais no bairro, Jair manteve seu imóvel no condomínio, onde seu filho Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro, continuou morando nos últimos anos.

Os gastos com hospedagem ao longo do mandato foram os maiores do ex-presidente com o cartão corporativo. Ao todo, Bolsonaro pagou mais de 13 milhões em diárias de hotel pelo Brasil.