Desfile cívico em que crianças negras são retratadas como escravizadas será investigado pelo MP
Evento foi em Piraí do Sul e comemorou Independência do Brasil. Prefeitura disse que apresentação retratou momento histórico e não ficou caracterizada como ofensa aos negros.
Por g1 PR e RPC Ponta Grossa
A Promotoria de Justiça de Piraí do Sul vai apurar um desfile cívico realizado no último domingo (18) no município. No evento, crianças negras foram retratadas como escravos e desfilaram com correntes de papel nos pulsos e tornozelos (assista acima).
Em nota, o Ministério Público do Paraná afirmou que o município, localizado nos Campos Gerais do estado, deverá prestar esclarecimentos sobre o episódio. De acordo com os promotores, por envolver crianças, a apuração é sigilosa.
O desfile cívico foi realizado no último fim de semana e fez parte das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil.
Estudantes negros de escola municipal foram retratados como escravos em desfile — Foto: Divulgação
Vídeos compartilhados nas redes sociais oficiais da Prefeitura de Piraí do Sul mostraram o trecho do desfile. Porém, mais tarde, o conteúdo foi removido e apenas outras partes do evento continuavam disponíveis.
O evento foi na Avenida Bernardo Barbosa Milléo e contou com a participação de estudantes de escolas municipais e estaduais, autoridades, autoridades religiosas, associações, entre outros.
A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed) foi procurada e disse que as crianças retratadas no vídeo são de escola municipal e que a prefeitura se manifestaria sobre o assunto.
Em nota, a Prefeitura de Piraí do Sul afirmou que o desfile buscava resgatar valores como civismo e desenvolver o sentimento de pertencimento em toda a população.
A prefeitura destaca que as escolas têm autonomia para manifestações e que a apresentação em questão abordava “momentos históricos de grande relevância como: descobrimento, contato com indígenas, escravidão, Independência, Lei Áurea e a consequente abolição da escravatura”.
Na avaliação do município, “em momento algum o ato ficou caracterizado como ofensa aos negros nem se destinou a qualquer desrespeito à dignidade da pessoa humana”.
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