Cultura

Ascensão do neonazismo

Foto extraída da Internet

*Oscar D’Ambrosio

Imagine um filme que parece tratar dos numerosos conflitos de um casal entre eles e com a sociedade por terem apenas 15 anos e terem gerado um filho. E pense esse cenário aumentado pelo fato de o futuro pai se envolver com um grupo neonazista que odeia a comunidade de residentes da Somália que habita o mesmo bairro.

É esse caldeirão que o filme finlandês “Hölmö nuori sydän” (“Estúpido coração jovem”) retrata. A diretora Selma Vilhunen consegue cruzar essas situações com talento e conta com a excelente atuação de Jere Ristseppä, no papel do rapaz perdido em um mundo que não consegue entender, e Rosa Honkonen, que vivencia ser menina e mãe com intensidade.

O filme foi indicado pelo país para concorrer ao Oscar 2020 de melhor Filme Estrangeiro com toda razão, pois discute diversos fatores essenciais do mundo contemporâneo, como a imigração de uma maneira crua. O ponto mais impressionante e digno de debate é como o adolescente vai se aproximando de uma visão autoritária do mundo.

Perante as dificuldades cotidianas, o casal se desencontra. A caminhada da adolescência de músicas e esportes para a responsabilidade de formar uma família gera inseguranças. E os ideais de racismo e nacionalismo preenchem essa lacuna no menino. Mesmo que ele sinta que está equivocado, a necessidade de pertencer a um grupo se sobrepõe. E todos sofrem.

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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