Artigo

A riqueza do homem

*Paulo Eduardo de Barros Fonseca
Em suas reflexões, há mais de 2.500 anos, Sócrates, tido como o pai da filosofia, já discorria acerca da independência entre o princípio inteligente e o princípio material, bem como sobre a preexistência da alma, que o homem é a alma encarnada, da imortalidade da alma e sobre a reencarnação.
Atualmente, a teoria quântica demonstra a sobrevivência da alma após a morte do corpo físico ao concluir, em síntese, que a alma está contida em pequenas estruturas no interior das células cerebrais e que, como energia, por parte do universo a morte do corpo físico enseja seu retorno a ele.
Portanto, sem adentrar no campo religioso, mas seja no aspecto filosófico ou no científico fato é que enquanto a matéria é finita a alma é eterna.
Essa constatação, filosófica e científica, impulsiona o repensar sobre o apego das pessoas aos bens materiais. Isso porque, tal qual o corpo físico, todas as riquezas materiais são efêmeras, são passageiras. Nessa seara é plausível afirmar que a riqueza material somente dignifica alguém quando serve para beneficiar outras pessoas.
Imagino que, contextualizando esse fato, Sócrates ensinava que “a felicidade não pode vir das coisas exteriores do corpo, mas somente da alma, porque esta e só esta é a sua essência. E a alma é feliz quando é ordenada, ou seja, virtuosa.  …  para mim quem é virtuoso, seja homem ou mulher, é feliz, ao passo que o injusto e malvado é infeliz. Assim como a doença e a dor física são desordens do corpo, a saúde da alma é a ordem da alma – e esta ordem espiritual ou harmonia interior é a felicidade.”
Exemplo disso são os grandes imperadores romanos que conquistaram o mundo e dele se julgavam donos, mas os monumentos erguidos em honra do egoísmo e da ambição hoje são meras ruínas, as quais, aliás, necessitam de constantes restaurações para continuarem existindo.
Quando há a compreensão disso, toda pessoa está pronta para olhar para si mesmo e combater os vícios que a submetem à matéria e, em contrapartida, valorizar as virtudes que ajudam formar um saldo positivo na conta corrente do banco da vida espiritual.
Ora, “o homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na Terra. Mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma, a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe e o que ainda lhe servirá no outro mundo do que neste. Dele depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do ele houver adquirido no bem”.
Enfim, a verdadeira e maior riqueza do Universo está dentro do próprio homem!
Referências Bibliográficas
Reale, G.; Antiseri. D. História da filosofia, vol. I, São Paulo, Ed. Paulista, 1990
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI
*Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Enviado por Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Rua Dr. Cesário Motta Jr., 61 – Vila Buarque – São Paulo (SP)
 

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