Artigo

Curiosidades intrigantes

*Francisco Habermann
Diante do tempo – medido em dias, horas e minutos, por convenção – vale perguntar o significado de dez minutos no tempo decorrido em cinquenta anos. O tempo passa?
Penso que a magnitude de dez minutos diante das décadas é quase nada. A relação é ínfima, pois em cinquenta anos temos vinte e seis milhões, duzentos e oitenta mil minutos. Que significam dez minutos nesta extensão numérica colossal de tempo medido pelo tic-tac do relógio existencial? Essa é uma curiosidade intrigante que sempre me acompanhou.
Digo isso porque a Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP comemora nesta semana os 50 anos da formatura da primeira turma de médicos, ocorrida em 1968. A diretoria solicitou sugestão de um programa musical com dez minutos de duração para ilustrar a cerimônia oficial. Como expressar o júbilo cinquentenário em dez minutos musicais?
Nunca iria imaginar que lições do aprendizado musical realizadas na infância e juventude, em Leme-SP,  sob orientação segura de minhas ilustres professoras, pudessem um dia ajudar a  compor pauta de comemoração universitária de meio século. Fiz o que pude.
Sugeri homenagear os primeiros trabalhadores, aqueles mais simples cujo labor permitiu a instituição funcionasse com limpeza, água, luz, segurança e provimento do essencial para professores e alunos novatos que ali chegavam. Indiquei a peça “Contadino allegro che retorna dal lavoro” do compositor alemão Robert Schumann ( 1810 – 1856 ) ( Álbum para a juventude, opus 68 ).
A seguir, lembrei-me dos que encerraram sua existência lutando continuamente pela grandeza da referida instituição. Sugeri o russo Tchaikovsky ( 1840 – 1893 ), tema da “Quinta Sinfonia” – 2° movimento, Opus 64. Uma sutil homenagem musical póstuma.
Como a cerimônia era festiva indiquei a composição clássica popular italiana “Torna a Sorriento” ( E. De Curtis ) que expressa alegre convite para o retorno à Escola-Mãe.
O pianista convidado executou o programa sugerido no tempo previsto. Nem se contasse todas as notas do recital saberia dizer como pode meio século passar em minutos. Somente ali, revivendo emoções tão longínquas entendi que “O tempo não passa, quem passa somos nós”.
*Francisco Habermann é egresso da 1ª. Turma de Medicina da FCMBB, docente aposentado da atual Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu (FMB-UNESP). Contato: fhaber@uol.com.br

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